Acho que esqueceram de nos avisar, mas devem estar tirando sarro da nossa cara.
Há muitos anos as crianças brincam de imitar os adultos, isso é normal, mas parece que a coisa se inverteu.
Repare bem naquilo que se convencionou chamar de politicamente correto, é piada de mau gosto.
Cidadãos de raças diferentes podem processar outros por se referirem a eles citando a cor de suas peles, isso é considerado crime.
Temo que no futuro seja radicalizada esta tendência, não mais será permitido falar de cores, mas teremos que usar algum termo politicamente correto.
E se desejarmos comprar algo em uma loja deveremos escolher cores com tais termos. por exemplo:
"- Eu gostaria de experimentar aquele casaco Afro- descendente, e aquela camisa caucasiana, por favor"
Se usarmos as cores preta, ou branca, e o vendedor for de alguma das raças de pele dessas cores, pode se sentir ofendido , e seremos presos por racismo.
Na verdade acho que deveríamos ter uma lei mais prática, e mais objetiva.
Deveríamos proibir que as tais palavras fossem ditas sem carinho, mesmo porque com carinho , todas as palavras são aceitáveis.
Ainda que sejam palavras eminentemente ofensivas podem ser ditas com carinho, por exemplo:
"Sabia que você é o meu corninho do coração?"
ou ainda,
"Minha putinha, , minha doce putinha!"
São alguns exemplos nem tão felizes assim , mas basicamente é isso, deveríamos buscar a ternura das crianças e brincar de sermos felizes, brincar de viver em paz, isso seria muito mais fácil com esse carinho compulsório.
Enquanto isso nossos políticos estão lá em Brasília brincando de roubar o nosso dinheiro, e o governo brinca de fazer alguma coisa, mas ninguém faz nada, nem o pessoal do mensalão vai para a cadeia.
Parece uma brincadeira de péssimo gosto!
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A ditadura implantada no país pelo golpe de Estado desferido em 1964, em dezembro de 1968 deu um giro no parafuso por meio de um Ato Institucional, de número 5, que lhe atribuía poderes praticamente ilimitados. ( Mino Carta em, "O Castelo De Âmbar", página 161 RECORD)
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
sábado, 18 de agosto de 2007
Resumo meu
Pensando muito bem resolvi voltar ao início.
Hoje acordei , estava muito frio, fui tomar meu banho.
Frio daqueles de não querer sair debaixo do chuveiro.
Cada centímetro de corpo fora da água por mais de 3 segundos ficava arrepiado.
Pensei comigo mesmo, eu gosto de frio , nasci no inverno.
Pensei mais um pouco e vi que na verdade devo ter sido concebido numa noite de primavera.
Deve ter sido em meados de Outubro de 1962, pois nasci a 06, de julho de, 1963.
Fui criança vivi dias e noites frios e quentes, me machuquei e passei o famoso e ardido Merthiolate.
Desafiei limites , embora tendo sido educado para respeitar os mesmos com a finalidade de evitar o sofrimento.
Frios limites de um tapete de pvc, frio horrível morte em vida.
Como adolescente conheci a desejo que é parte do crescimento, vivi o despertar do sexo , me aventurei nos braço de cortesãs, conheci a dor e o prazer.
Sofri mas também gozei, preferi a vida com dor, ao frio e indolor sentimento da morte.
Como adulto me envolvi em muitas coisas, conheci a mulher sem a qual não posso viver.
Casei , tenho filhos, cães, uma gata, e uma vida cheia de problemas, mas plena de sentimento e verdade.
Hoje estava muito, muito frio aqui em São Paulo, mas um frio adorável que se sentia mesmo debaixo do chuveiro quente, que ao lavar meu corpo, também me limpou a mente.
Pelo ralo desceu toda a sujeira , toda a amargura, e também a dor.
Mais sujeira, mais amargura, e mais dor ainda virão .
Outros dias frios, outros banhos quentes, e mais limpeza de mente, sempre se seguirão.
Talvez eu faça outro resumo, mas por enquanto paro por aqui.
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Estou começando a entender(Merthiolate)
Ontem não deu , fez um Calor do cão, tive que tomar um mate bem gelado para refrescar.
Parei no "Rei do Mate", pedi um enorme , com maracujá e guaraná, delicioso!
Me lembrei de meu amigo gaúcho , que estava lá com 10°C de frio, muito frio.
Hoje já está mais frio , já tenho inspiração, para escrever, graças a Joelma, e Helena.
Nunca quis te machucar, sempre quis te provocar, sentir aquele toque frio.
Toque frio que traz a dor, que faz o sangue correr mais rápido.
Aquele ardor, daquele tapa , que vem por causa das meias pelo chão.
Ardor precedido pelo frio na alma da moça que congela, por causa dos respingos de urina.
Vejo agora que lido com seres de um planeta distante, pessoas cor de rosa.
Planeta que nos rodeia, como um satélite, como uma lua.
Conheço uma lua cor de rosa, porém triste, digna de um blues, "Blue Moon".
Será que a essas moças inspiramos esse sentimento blue?
Quem dera fossem elas sempre, por dentro também, pink.
O pink é quente e arde, e não arde sem doer, o blue dói , e dói sem arder.
Já sofri muito dessa dor do blues, Rhythm 'n' Blues, não quero mais, prefiro o antigo "Merthiolate" , o antigo mesmo, o que arde.
A vida é quente, a vida arde, feito aquela coisa que pintava nossas feridas da infância.
Pode ser que nem resolva, pode ser desagradável, pode ser qualquer coisa.
Só não pode ser sem vida, isso é pior, esse azul gelado e triste, azul da alma.
Daria tudo para viver junto dessas róseas damas, ardentes damas, estou oferecendo a minha vaga para quem quiser se mudar para o planeta azul.
Fiquem com o disco do B.B. King, e todo o resto, é tudo seu!
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Parei no "Rei do Mate", pedi um enorme , com maracujá e guaraná, delicioso!
Me lembrei de meu amigo gaúcho , que estava lá com 10°C de frio, muito frio.
Hoje já está mais frio , já tenho inspiração, para escrever, graças a Joelma, e Helena.
Nunca quis te machucar, sempre quis te provocar, sentir aquele toque frio.
Toque frio que traz a dor, que faz o sangue correr mais rápido.
Aquele ardor, daquele tapa , que vem por causa das meias pelo chão.
Ardor precedido pelo frio na alma da moça que congela, por causa dos respingos de urina.
Vejo agora que lido com seres de um planeta distante, pessoas cor de rosa.
Planeta que nos rodeia, como um satélite, como uma lua.
Conheço uma lua cor de rosa, porém triste, digna de um blues, "Blue Moon".
Será que a essas moças inspiramos esse sentimento blue?
Quem dera fossem elas sempre, por dentro também, pink.
O pink é quente e arde, e não arde sem doer, o blue dói , e dói sem arder.
Já sofri muito dessa dor do blues, Rhythm 'n' Blues, não quero mais, prefiro o antigo "Merthiolate" , o antigo mesmo, o que arde.
A vida é quente, a vida arde, feito aquela coisa que pintava nossas feridas da infância.
Pode ser que nem resolva, pode ser desagradável, pode ser qualquer coisa.
Só não pode ser sem vida, isso é pior, esse azul gelado e triste, azul da alma.
Daria tudo para viver junto dessas róseas damas, ardentes damas, estou oferecendo a minha vaga para quem quiser se mudar para o planeta azul.
Fiquem com o disco do B.B. King, e todo o resto, é tudo seu!
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quarta-feira, 15 de agosto de 2007
O frio na alma
Uma alma fria é fria até se for morar no próprio sol.
Uma alma que ama aquece até o mais frio dos icebergs.
Já passei por muitos dias frios e gostei de cada um deles.
Já senti a frieza de almas geladas em pleno verão.
Nos dias de muito frio não há nada mais gostoso que o abraço de um amigo.
Nos dias de calor nada pior do que cruzar com uma alma gelada, que estrague nosso dia.
Derruba o nosso sorvete na calçada e nos faz sentir um frio medonho.
Adoro aqueles dias de muito frio, em que nosso agasalho é pouco, mas encontramos um amigo.
Tomamos um café junto , conversamos um pouco e sentimos o calor da amizade brotar de dentro de nós.
O Frio não incomoda mais , o agasalho é dispensável, desnecessário mesmo, até começamos a suar.
Almas quentes são fonte de conforto até no Polo Norte, e refrescantes como um sorvete no mais tórrido verão.
Não importa se o dia é frio ou quente, mas sim a temperatura da alma de cada um de nós.
Por isso adoro os dias frios, que revelam essas almas quentes.
Gosto também dos dias quentes, em que as tais quentes almas refrescam meu coração.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Uma alma que ama aquece até o mais frio dos icebergs.
Já passei por muitos dias frios e gostei de cada um deles.
Já senti a frieza de almas geladas em pleno verão.
Nos dias de muito frio não há nada mais gostoso que o abraço de um amigo.
Nos dias de calor nada pior do que cruzar com uma alma gelada, que estrague nosso dia.
Derruba o nosso sorvete na calçada e nos faz sentir um frio medonho.
Adoro aqueles dias de muito frio, em que nosso agasalho é pouco, mas encontramos um amigo.
Tomamos um café junto , conversamos um pouco e sentimos o calor da amizade brotar de dentro de nós.
O Frio não incomoda mais , o agasalho é dispensável, desnecessário mesmo, até começamos a suar.
Almas quentes são fonte de conforto até no Polo Norte, e refrescantes como um sorvete no mais tórrido verão.
Não importa se o dia é frio ou quente, mas sim a temperatura da alma de cada um de nós.
Por isso adoro os dias frios, que revelam essas almas quentes.
Gosto também dos dias quentes, em que as tais quentes almas refrescam meu coração.
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terça-feira, 14 de agosto de 2007
Hoje não fez frio
Hoje fez muito calor , parecia verão!
Prefiro dias de muito frio par dar à alma vazão
Gosto muito do inverno , a mais propícia estação
Gosto dele como o poeta tem gosto pela solidão
Gosto estranho mas compreensível pois me traz inspiração
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Prefiro dias de muito frio par dar à alma vazão
Gosto muito do inverno , a mais propícia estação
Gosto dele como o poeta tem gosto pela solidão
Gosto estranho mas compreensível pois me traz inspiração
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segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Manhã Gelada
Gelada de doer , uma dor que não dói , mas arrepia os poucos pelos da coxa de um menino que de calças curtas vai para a escola.
Um uniforme tradicional, calças curtas azul marinho, camisa azul claro, meias brancas3/4, sapato preto.
Dias frios de um menino de uniforme tradicional , em uma escola experimental montessoriana.
Método moderno , uma educação que busca impor limites, e evitar o sofrimento, um maldito e frio tapete de pvc, limitando .
Frio e nublado, dia frio e gelado, tapete de pvc, frio método, frio sentimento.
O congelado menino na fria e experimental escola, se recusa a ser tão limitado em pensamento, tem uma doença crônica.
É jogado por terra convulsionando , descontrolado movimento , fere-se mas não sente.
Ninguém pode toca-lo , tudo escurece, frio , frio, frio, escuro firmamento.
No frio escuro firmamento, grita o menino por socorro, ninguém responde.
Esquece a dor menino, esquece o sofrimento.
Embora no corpo não sinta, na alma tem a dor grande aumento.
Diziam ser demônio, ou demência , é proibido tocar o menino, já sofre grande tormento, é louco.
É louco o menino , a fama se alastra.
É louco , não se aproxime deste que sofre de tal tormento.
Não deve ele conhecer na vida mais sofrimento, coitado.
Cresce como um louco o menino, sem conhecer a dor ou sofrimento.
A vida não o poupa no entanto, quando surge o desejo, parte do crescimento.
Cresce o corpo, continua menino em termos de sentimento.
Sofre o menino mais do que merecia , grande dor o maior sofrimento.
Sofre na alma sofre por dentro.
Busca o menino entender, experimenta, tudo que na vida não pode provar.
Busca o amor, busca o sexo, e busca a dor que no frio tapete de pvc da escola foi ensinado a evitar.
Noite de frio, noite gelada, um jovem se entrega a uma mulher .
Aquele frio igual o das geladas manhãs, nú entrega-se à cortesã.
Buscando a dor , o poupado sofrimento, o toque de uma chibata fria como o pvc do tapete lhe é familiar.
Sobe no entanto a dor que faz o sangue correr mais rápido.
Circula rápido o sangue, e aquece o corpo do jovem sem paz.
A dor não lhe é familiar, pois dela sempre foi poupado , o calor que ela provoca parece ser algo há muito desejado.
Ingênuo e pobre rapaz, que viveu a vida sem dor, é incapaz de entender esse calor.
Por certo é algo novo, não é bom , não é ruim, mas é novo.
Seria vida, seria aquilo o que dele foi tirado no escuro, e no frio, frio, frio, tapete de pvc.?
Apaixona-se o coitado, por tal mulher que seu corpo , e não sua alma fez sofrer.
Por um preço ela se entrega e lhe jura amor sem fim.
Por este preço que lhe proporcionou a tal dor física, que na alma não dói enfim.
Meu Deus que loucura, falar tanto dessa dor, falar tanto de mim.
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Um uniforme tradicional, calças curtas azul marinho, camisa azul claro, meias brancas3/4, sapato preto.
Dias frios de um menino de uniforme tradicional , em uma escola experimental montessoriana.
Método moderno , uma educação que busca impor limites, e evitar o sofrimento, um maldito e frio tapete de pvc, limitando .
Frio e nublado, dia frio e gelado, tapete de pvc, frio método, frio sentimento.
O congelado menino na fria e experimental escola, se recusa a ser tão limitado em pensamento, tem uma doença crônica.
É jogado por terra convulsionando , descontrolado movimento , fere-se mas não sente.
Ninguém pode toca-lo , tudo escurece, frio , frio, frio, escuro firmamento.
No frio escuro firmamento, grita o menino por socorro, ninguém responde.
Esquece a dor menino, esquece o sofrimento.
Embora no corpo não sinta, na alma tem a dor grande aumento.
Diziam ser demônio, ou demência , é proibido tocar o menino, já sofre grande tormento, é louco.
É louco o menino , a fama se alastra.
É louco , não se aproxime deste que sofre de tal tormento.
Não deve ele conhecer na vida mais sofrimento, coitado.
Cresce como um louco o menino, sem conhecer a dor ou sofrimento.
A vida não o poupa no entanto, quando surge o desejo, parte do crescimento.
Cresce o corpo, continua menino em termos de sentimento.
Sofre o menino mais do que merecia , grande dor o maior sofrimento.
Sofre na alma sofre por dentro.
Busca o menino entender, experimenta, tudo que na vida não pode provar.
Busca o amor, busca o sexo, e busca a dor que no frio tapete de pvc da escola foi ensinado a evitar.
Noite de frio, noite gelada, um jovem se entrega a uma mulher .
Aquele frio igual o das geladas manhãs, nú entrega-se à cortesã.
Buscando a dor , o poupado sofrimento, o toque de uma chibata fria como o pvc do tapete lhe é familiar.
Sobe no entanto a dor que faz o sangue correr mais rápido.
Circula rápido o sangue, e aquece o corpo do jovem sem paz.
A dor não lhe é familiar, pois dela sempre foi poupado , o calor que ela provoca parece ser algo há muito desejado.
Ingênuo e pobre rapaz, que viveu a vida sem dor, é incapaz de entender esse calor.
Por certo é algo novo, não é bom , não é ruim, mas é novo.
Seria vida, seria aquilo o que dele foi tirado no escuro, e no frio, frio, frio, tapete de pvc.?
Apaixona-se o coitado, por tal mulher que seu corpo , e não sua alma fez sofrer.
Por um preço ela se entrega e lhe jura amor sem fim.
Por este preço que lhe proporcionou a tal dor física, que na alma não dói enfim.
Meu Deus que loucura, falar tanto dessa dor, falar tanto de mim.
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domingo, 12 de agosto de 2007
Dia frio, almoço quente
É sempre assim, um sol que brilha mas não aquece.
Parece um dia de verão, mas o calor não aparece.
Aparece a luz , o céu está limpo.
Ninguém se atreve a abrir uma cerveja gelada.
Parece que a cosia está mais para um trago de Cognac.
Sejamos honestos, é difícil gostar deu dia frio.
É quase impossível alguém se animar, sair por aí a declarar.
Amo estar vivo, neste dia tão gelado, amo sentir o sol que não esquenta.
Praia ou piscina hoje nem pensar, cervejada uma temeridade.
Volto então ao meu quarto e encontro aquele meu velho e bom casaco.
Acho que se estivesse no litoral iríamos à praia passear.
Melhor mesmo é sossegar e me contentar com o almoço de domingo.
Especialmente preparado, feito com muito carinho.
Minha deliciosa lasanha fumegante, que preparei na noite passada .
Cuidadosamente montada em trinta minutos estará no ponto exato.
Não quero nada muito gelado, quem sabe um bom vinho para acompanhar.
A comida aquece o corpo, o vinho aquece a alma.
Comida quente em dia frio, nada mais apropriado.
Vinho aquece a alma, preenche todo o vazio, não preciso mais de nada.
É quase impossível não gostar de um prato assim tão quente, tão difícil quanto gostar de um dia frio.
Oposto mas não excludente, é o frio do dia, e do prato o quente.
Complementam-se um ao outro, o frio ao quente.
Sejamos mais uma vez honestos.
Quem gostaria de um almoço frio, ainda que em um dia quente?
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Parece um dia de verão, mas o calor não aparece.
Aparece a luz , o céu está limpo.
Ninguém se atreve a abrir uma cerveja gelada.
Parece que a cosia está mais para um trago de Cognac.
Sejamos honestos, é difícil gostar deu dia frio.
É quase impossível alguém se animar, sair por aí a declarar.
Amo estar vivo, neste dia tão gelado, amo sentir o sol que não esquenta.
Praia ou piscina hoje nem pensar, cervejada uma temeridade.
Volto então ao meu quarto e encontro aquele meu velho e bom casaco.
Acho que se estivesse no litoral iríamos à praia passear.
Melhor mesmo é sossegar e me contentar com o almoço de domingo.
Especialmente preparado, feito com muito carinho.
Minha deliciosa lasanha fumegante, que preparei na noite passada .
Cuidadosamente montada em trinta minutos estará no ponto exato.
Não quero nada muito gelado, quem sabe um bom vinho para acompanhar.
A comida aquece o corpo, o vinho aquece a alma.
Comida quente em dia frio, nada mais apropriado.
Vinho aquece a alma, preenche todo o vazio, não preciso mais de nada.
É quase impossível não gostar de um prato assim tão quente, tão difícil quanto gostar de um dia frio.
Oposto mas não excludente, é o frio do dia, e do prato o quente.
Complementam-se um ao outro, o frio ao quente.
Sejamos mais uma vez honestos.
Quem gostaria de um almoço frio, ainda que em um dia quente?
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sábado, 11 de agosto de 2007
Finalmente um dia de frio
Nada tão frio assim.
Um friozinho , muito do chinfrim.
Frio de país tropical, nada tão austral nem boreal
Nada setentrional, nem meridional.
Frio equatorial, frio tropical.
Quisera ser um urso de um país da Europa setentrional.
Um desse que passa o inverno a hibernar, numa toca.
Sentir a quentura da toca no inverno gelado de muitos dias todos eles de de muito frio.
Recluso na minha toca dormindo o sono daqueles que querem sobreviver .
Vivendo das minhas reservas de gordura, consumindo a energia, que durante o verão eu acumulei.
Os dias de frio são a oportunidade que temos de gastar nossas reservas.
Os dias em que a inspiração não brota como num jardim primaveril.
Não jorra a poesia como de um límpida fonte de fresca água.
Dias em que bebemos da água que temos guardada, e comemos do pão que temos no armário.
Dias em que a temperatura ambiente se iguala à da geladeira que conserva nosso alimento perecível.
São os dias de muito frio, os dias de um desconforto quase que providencial, dias de uma solidariedade estratégica.
Um frio digno da Patagônia, frio antártico, ou ártico.
Assim como nós nos refugiamos, como colônias de focas ou de pinguins.
Dias em que buscamos a sobrevivência nossa de cada dia, assim como nós buscamos a derrota de nosso mais inteligente adversário, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Pois nosso é o poder, através da astúcia e da esperteza, que traz a sobrevivência do mais adaptado.
Amém!
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Um friozinho , muito do chinfrim.
Frio de país tropical, nada tão austral nem boreal
Nada setentrional, nem meridional.
Frio equatorial, frio tropical.
Quisera ser um urso de um país da Europa setentrional.
Um desse que passa o inverno a hibernar, numa toca.
Sentir a quentura da toca no inverno gelado de muitos dias todos eles de de muito frio.
Recluso na minha toca dormindo o sono daqueles que querem sobreviver .
Vivendo das minhas reservas de gordura, consumindo a energia, que durante o verão eu acumulei.
Os dias de frio são a oportunidade que temos de gastar nossas reservas.
Os dias em que a inspiração não brota como num jardim primaveril.
Não jorra a poesia como de um límpida fonte de fresca água.
Dias em que bebemos da água que temos guardada, e comemos do pão que temos no armário.
Dias em que a temperatura ambiente se iguala à da geladeira que conserva nosso alimento perecível.
São os dias de muito frio, os dias de um desconforto quase que providencial, dias de uma solidariedade estratégica.
Um frio digno da Patagônia, frio antártico, ou ártico.
Assim como nós nos refugiamos, como colônias de focas ou de pinguins.
Dias em que buscamos a sobrevivência nossa de cada dia, assim como nós buscamos a derrota de nosso mais inteligente adversário, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Pois nosso é o poder, através da astúcia e da esperteza, que traz a sobrevivência do mais adaptado.
Amém!
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sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Não neste inverno
Dias de frio são comuns, mas não neste inverno.
Dias feios, dias sem sol, mas não como os de agora.
São dias feios, dias sisudos e acinzentados, como dos invernos passados.
Muito calor, muito suor, muita luz.
Dias de cansaço, de calor e de correria, que inverno louco!
Que falta me faz a brisa gelada, o ar mais frio e seco, sereno legado.
Dias que nos trazem a vontade de ficar em casa, sem sair da cama.
Dias de um inverno gostoso, um inverno gelado.
O conforto do frio, prazer do acolhimento, o calor da companhia.
O amor que abraça, que se aproxima e que faz a gente se lembrar.
Da graça da vida, da alegria e da sorte, de vencer, e ser forte.
O frio desafia , mas te dá a chance de ser vencedor.
Vence a batalha, derrota o inimigo e se deleita numa noite de amor.
O amor que nos aquece e nos dá o prazer de estarmos juntos, sem sentir o frio que se abate sobre os demais.
Com você eu não sinto o frio desses dias, mas o calor do inverno atual não me agrada.
Ele tenta imitar o calor da nossa vida, que elimina o frio, mas não aquece a alma.
Neste inverno os dias de frio são poucos, os de muito frio são raros.
Atrapalham o nosso amor os dias quentes, de um inverno sem sabor.
Atrapalham a gostosa sensação de vitória do nosso amor.
Não faz mal outros dias frios virão, talvez no próximo verão.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Dias feios, dias sem sol, mas não como os de agora.
São dias feios, dias sisudos e acinzentados, como dos invernos passados.
Muito calor, muito suor, muita luz.
Dias de cansaço, de calor e de correria, que inverno louco!
Que falta me faz a brisa gelada, o ar mais frio e seco, sereno legado.
Dias que nos trazem a vontade de ficar em casa, sem sair da cama.
Dias de um inverno gostoso, um inverno gelado.
O conforto do frio, prazer do acolhimento, o calor da companhia.
O amor que abraça, que se aproxima e que faz a gente se lembrar.
Da graça da vida, da alegria e da sorte, de vencer, e ser forte.
O frio desafia , mas te dá a chance de ser vencedor.
Vence a batalha, derrota o inimigo e se deleita numa noite de amor.
O amor que nos aquece e nos dá o prazer de estarmos juntos, sem sentir o frio que se abate sobre os demais.
Com você eu não sinto o frio desses dias, mas o calor do inverno atual não me agrada.
Ele tenta imitar o calor da nossa vida, que elimina o frio, mas não aquece a alma.
Neste inverno os dias de frio são poucos, os de muito frio são raros.
Atrapalham o nosso amor os dias quentes, de um inverno sem sabor.
Atrapalham a gostosa sensação de vitória do nosso amor.
Não faz mal outros dias frios virão, talvez no próximo verão.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
A cilada do frio
Não temos coragem para nada, nem para sair da cama.
Precisamos de alguém que traga uma ardente chama.
Nada parece fácil, tudo fica difícil.
Sair e andar, quem dera!
Correr e pular, jamais.
Suamos sob as cobertas, congelamos ao relento.
Pobre e frágil ser humano, animal sem talento.
Bicho burro, esse tal de homem, bicho fraco e indefeso.
Indefeso até contra os seus, traído por aquele que um dia dele nasceu.
Depende tanto das coisas, morre se não se proteger.
Depende de coisas que ele criou, e abusa desse seu depender.
Para falar cria máquinas, para comer cria outras.
Não consegue nem mesmo beber um gole de água , sem que esta seja paga.
Cobra de si mesmo por tudo, recebe em troca um pouco do nada.
Bicho mais burro esse homem, da vida leva - se nada.
A vida é lutar contra a morte, e aproveitar antes que não se faça mais nada.
Levanta no frio bicho burro, sai dessa tua cilada.
Te livra da dependência , te livra da máquina , te livra desse teu precioso tesouro de nada.
Até o frio te pega, você não aguenta e morre, se não lançar mão de nada.
Bicho burro é o bicho homem, não tem pelos não tem força não tem mesmo nada.
Depende tanto de coisas , de coisas que levam se tesouro e lhe deixar um pouco do nada.
Depende da ardente chama, que alguém lhe traga.
Não sai dessa tua confortável cama , morre nela , já tens o teu nada.
Traído por quem dele nasceu, assim foi seu fim, morreu.
Traído por sua criação, por ela pagou .
No seu leito de morte, recebeu seu nulo quinhão.
Vence sempre o tempo, vencem os dias de muito frio.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Precisamos de alguém que traga uma ardente chama.
Nada parece fácil, tudo fica difícil.
Sair e andar, quem dera!
Correr e pular, jamais.
Suamos sob as cobertas, congelamos ao relento.
Pobre e frágil ser humano, animal sem talento.
Bicho burro, esse tal de homem, bicho fraco e indefeso.
Indefeso até contra os seus, traído por aquele que um dia dele nasceu.
Depende tanto das coisas, morre se não se proteger.
Depende de coisas que ele criou, e abusa desse seu depender.
Para falar cria máquinas, para comer cria outras.
Não consegue nem mesmo beber um gole de água , sem que esta seja paga.
Cobra de si mesmo por tudo, recebe em troca um pouco do nada.
Bicho mais burro esse homem, da vida leva - se nada.
A vida é lutar contra a morte, e aproveitar antes que não se faça mais nada.
Levanta no frio bicho burro, sai dessa tua cilada.
Te livra da dependência , te livra da máquina , te livra desse teu precioso tesouro de nada.
Até o frio te pega, você não aguenta e morre, se não lançar mão de nada.
Bicho burro é o bicho homem, não tem pelos não tem força não tem mesmo nada.
Depende tanto de coisas , de coisas que levam se tesouro e lhe deixar um pouco do nada.
Depende da ardente chama, que alguém lhe traga.
Não sai dessa tua confortável cama , morre nela , já tens o teu nada.
Traído por quem dele nasceu, assim foi seu fim, morreu.
Traído por sua criação, por ela pagou .
No seu leito de morte, recebeu seu nulo quinhão.
Vence sempre o tempo, vencem os dias de muito frio.
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quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Ricardo Reis – Um dos heterônimos de Fernando Pessoa
Helena Del Avecciaya*
Os heterônimos de Fernando Pessoa são mais do que meros pseudônimos, eles são personagens completos criados pelo autor majestoso que por ser tão grande não coube em si só... Não se contentou em ser um único poeta. Muitos estudiosos questionam o por quê de Fernando Pessoa ter criado seus heterônimos. Chegaram a imaginar que o poeta sofresse de esquizofrenia, ou que estivesse psicografando alguém, ou ainda se era uma brincadeira. Bem, o importante é que o autor nos presenteou com tão maravilhosas obras que muitas vezes nos esquecemos de que ele era um homem e passamos a vê-lo como um deus.
Fernando Antonio Nogueira Pessoa (Lisboa, 1888 – 1935) viveu durante o começo do Modernismo, que foi uma época de fragmentação das tendências da literatura. Viveu na época das vanguardas e neste momento de multiplicidade de pensamentos também se multiplicavam, se fragmentava...
Fernando Pessoa introduziu as vanguardas modernistas em Portugal e isto também o levou a ser dividido uma situação muito complexa. O grande escritor também sentiu a necessidade de se dividir para poder expressar suas idéias que eram tantas e tão divergentes uma da outra.
Não há como falar de Ricardo Reis sem falar de Fernando Pessoa.Pois este é o criador daquele. E também não há como compreendê-lo sem falar de Alberto Caieiro,( nem que sucintamente) mestre dos heterônimos.
Alberto Caieiro (1889 – 1915) nasceu em Lisboa e viveu quase toda sua vida no
campo. Sem profissão e sem uma educação formal (teve somente a instrução primária). Seus pais morreram cedo, ficava em casa vivendo com pequenos rendimentos. Vivia com uma tia-avó. Morreu tuberculoso.
Escrevia com uma linguagem simples de um camponês com pouca instrução. Era inimigo do misticismo, procurava se afastar de deus de maneira lógica e coerente.
Se Alberto Caieiro era um camponês autodidata sem nenhuma erudição, seu discípulo Ricardo Reis (1887 –1935) era um erudito que insistia na defesa dos valores tradicionais tanto na literatura quanto na política.
Fernando Pessoa disse: “Ricardo Reis nasceu no Porto. Educado em colégio de Jesuítas, é médico e vive o Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É latinista por educação alheia, e semi-helenista por educação própria”.
Ricardo Reis como discípulo de Alberto Caieiro retorna o fascínio do mestre pela natureza enviesada do Neoclassicismo. Insiste sempre nos clichês árcades do “Lócus Amoenus” (local ameno) e do Carpe Diem (aproveite o momento).
Sendo Neoclássico Ricardo Reis busca o equilíbrio, a “Áurea Mediocritas” (equilíbrio de ouro) Tão prezada pelos poetas do século XVIII. A busca da espontaneidade de Alberto Caieiro se transforma em Ricardo Reis. Deixa de ser uma simplicidade natural e passa a ser estudada, forjada, pelo intelecto.
A linguagem de Ricardo Reis é clássica. Usa um vocabulário erudito, e, apropriadamente seus poemas são metrificados e apresentam sintaxe rebuscada.
Os poemas de Ricardo Reis são “Odes”, poemas líricos em tom alegre e entusiástico, cantados pelos gregos ao som de cítaras ou flautas, em estrofes regulares e variáveis. Nelas convida pastoras como Lídia, Nura ou Cleo para desfrutar dos prazeres contemplativos ou regrados.
As odes de Ricardo Reis, como as de Píndaro, recorrem sempre aos deuses da mitologia grega. Este paganismo de caráter erudito afasta-se da convicção de Alberto Caieiro de que não se deve pensar em Deus. Para Ricardo Reis , os deuses estão acima de tudo e controlam o destino dos homens.
Podemos dizer então que o autor das “Odes” é a vertente neoclássica, racionalista e pagã de Fernando Pessoa. Ricardo Reis, austero e contido, com uma experiência de milênios atrás de si, cultiva a elegância das maneiras, da beleza, do artifício e a arquitetura da ode.
Suas odes também estão permeadas pelo existencialismo de Sartre, pelo Epicurismo, estorcismo e pelo estilo Horaciano.
A proposta deste breve ensaio é “tentar” absorver, analisar, ressaltar... Alguns pontos de uma das odes de Ricardo Reis. A palavra “tentar” foi usada aqui porque seria impossível uma análise. O autor é muito complexo, profundamente rico em estilo e em sentidos para ser analisado aqui. Ele pode ser observado, estudado...
A ode em questão foi retirada do livro “Odes de Ricardo Reis” (Ática; Lisboa –p.59 à 63).
Transcrevemos a Ode:
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.
Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.
Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
A um primeiro olhar podemos dizer que o poema compõe se de 14 estrofes, dispostos simetricamente. Essa disposição gráfica já demonstra a textura de poema clássico: trata-se, como já foi dito anteriormente, de uma ode. Caracterizada pela simetria e disposição dos versos e das estrofes. Isto é corroborado pelos elementos fônicos: acentuação regular e alternância rítmica dos versos.
Quanto ao nível sintático o poema apresenta duas grandes unidades semânticas: Um jogo de xadrez e a indiferença dos jogadores com a vida fora do jogo.
É o famoso Carpe diem (aproveitar o momento), pois o Chronos – deus impiedoso do tempo - não espera... Logo o tempo trará a morte e mais nada poderá ser feito, aniquilando o jogo e seus jogadores.
O convite do poema para a prática de um jogo muito conhecido: saber jogar corretamente a própria vida, saber aproveitar desta o máximo possível, e será um vencedor quem melhor souber jogar este jogo complexo que é a vida.
O poema exorta o gozo dos prazeres da vida, em vista da efemiridade da existência e da imprevibilidade da morte.
Há no poema micro-unidades semânticas tais como: a continuação da vida mesmo com guerras, mortes e horrores; a sabedoria que consiste em gozar a vida pensando menos possível... por isso o “aproveite o dia” e nada espere do futuro porque este é incerto.
“Que importa a carne e o osso” quando o seu rei está em perigo? (rei – peça do xadrez). Uma das grandes marcas do poema é esta – torno a respeito – a indiferença pelo que se passa na vida, ante o prazer e os perigos de perder no jogo (jogo este que representa a própria vida).
Epicuro está presente com toda sua essência no poema. Ele foi um sábio grego do século IV a.C., que se preocupou principalmente com o problema da felicidade humana. Segundo seu pensamento o homem para ser feliz deve conseguir o estado de “ataraxia”, a ausência de preocupações, e cultivar a justa medida na prática dos prazeres. Então, com isto, percebemos que o poema está marcado muito fortemente pelo epicurismo, tanto é que, Ricardo Reis até o cita em um verso: “Meus irmãos em amarmos epicuro”(...) A moral epicurista é no fundo a tendência para a felicidade, pela harmonização de todas as faculdades humanas.
Reis é fortemente influenciado por Horácio, o poeta que “temperou” a doutrina de Epicuro com a ética estóica. Repetidamente Ricardo reis cita temas puramente horacianos, como no poema em questão. Um dos temas é a fugacidade e a igualdade dos homens perante a morte e outro tema: o gozo dos prazeres da vida. Esses dois pontos temáticos estão bem claros na ode. Reis usa a figura “jogo de xadrez” para abarcar os temas citados.
O púcaro de vinho mencionado na ode é um símbolo que Reis utiliza. O vinho serve para iludir o sofrimento. Porque iludir o sofrimento? Porque se sabe que não há felicidade completa e que diante do sofrimento e do infortúnio devemos compor um sorriso tranqüilo e descuidado.
Os jogadores de xadrez, ainda que ouvissem os gritos das mulheres e das crianças, mesmo que “lhes passasse pela fronte” uma sombra de preocupação, logo voltariam sua atenção ao jogo novamente porque sabem que o destino é imutável.
O que mais atormenta o poeta é que a morte as pessoas perdem a individualidade... Na invasão descrita no poema por exemplo, as mulheres e as crianças se igualavam ao guerreiro invasor por meio da morte. Pois a morte “anula qualquer distinção de classe”, de povos, etc.
O poema em sua totalidade mostra o egoísmo epicurista de Ricardo Reis, um contemplativo extremamente desprovido de calor em seus escritos, incapaz do amor verdadeiro. O autor “parece” existir somente em função de um problema: o problema crucial de remediar o sentimento de fraqueza humana e da inutilidade do agir por meio de uma arte de viver que permita chegar à morte de mãos vazias e com um mínimo de sofrimento.
BIBLIOGRAFIA
D’ONOFRIO , Salvatore. Literatura Ocidental, Autores e obras fundamentais São Paulo, Ática, 1990.
REIS, Ricardo. Odes.Obras completas de Fernando Pessoa. Coleção Poesia. Edições Ática, 1994.Lisboa
PESSOA, Fernando. O Guardador de rebanhos e outros poemas. São Paulo, Cultrix 1997.
Artigo escrito por uma grande amiga minha:
Zisco
Os heterônimos de Fernando Pessoa são mais do que meros pseudônimos, eles são personagens completos criados pelo autor majestoso que por ser tão grande não coube em si só... Não se contentou em ser um único poeta. Muitos estudiosos questionam o por quê de Fernando Pessoa ter criado seus heterônimos. Chegaram a imaginar que o poeta sofresse de esquizofrenia, ou que estivesse psicografando alguém, ou ainda se era uma brincadeira. Bem, o importante é que o autor nos presenteou com tão maravilhosas obras que muitas vezes nos esquecemos de que ele era um homem e passamos a vê-lo como um deus.
Fernando Antonio Nogueira Pessoa (Lisboa, 1888 – 1935) viveu durante o começo do Modernismo, que foi uma época de fragmentação das tendências da literatura. Viveu na época das vanguardas e neste momento de multiplicidade de pensamentos também se multiplicavam, se fragmentava...
Fernando Pessoa introduziu as vanguardas modernistas em Portugal e isto também o levou a ser dividido uma situação muito complexa. O grande escritor também sentiu a necessidade de se dividir para poder expressar suas idéias que eram tantas e tão divergentes uma da outra.
Não há como falar de Ricardo Reis sem falar de Fernando Pessoa.Pois este é o criador daquele. E também não há como compreendê-lo sem falar de Alberto Caieiro,( nem que sucintamente) mestre dos heterônimos.
Alberto Caieiro (1889 – 1915) nasceu em Lisboa e viveu quase toda sua vida no
campo. Sem profissão e sem uma educação formal (teve somente a instrução primária). Seus pais morreram cedo, ficava em casa vivendo com pequenos rendimentos. Vivia com uma tia-avó. Morreu tuberculoso.
Escrevia com uma linguagem simples de um camponês com pouca instrução. Era inimigo do misticismo, procurava se afastar de deus de maneira lógica e coerente.
Se Alberto Caieiro era um camponês autodidata sem nenhuma erudição, seu discípulo Ricardo Reis (1887 –1935) era um erudito que insistia na defesa dos valores tradicionais tanto na literatura quanto na política.
Fernando Pessoa disse: “Ricardo Reis nasceu no Porto. Educado em colégio de Jesuítas, é médico e vive o Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É latinista por educação alheia, e semi-helenista por educação própria”.
Ricardo Reis como discípulo de Alberto Caieiro retorna o fascínio do mestre pela natureza enviesada do Neoclassicismo. Insiste sempre nos clichês árcades do “Lócus Amoenus” (local ameno) e do Carpe Diem (aproveite o momento).
Sendo Neoclássico Ricardo Reis busca o equilíbrio, a “Áurea Mediocritas” (equilíbrio de ouro) Tão prezada pelos poetas do século XVIII. A busca da espontaneidade de Alberto Caieiro se transforma em Ricardo Reis. Deixa de ser uma simplicidade natural e passa a ser estudada, forjada, pelo intelecto.
A linguagem de Ricardo Reis é clássica. Usa um vocabulário erudito, e, apropriadamente seus poemas são metrificados e apresentam sintaxe rebuscada.
Os poemas de Ricardo Reis são “Odes”, poemas líricos em tom alegre e entusiástico, cantados pelos gregos ao som de cítaras ou flautas, em estrofes regulares e variáveis. Nelas convida pastoras como Lídia, Nura ou Cleo para desfrutar dos prazeres contemplativos ou regrados.
As odes de Ricardo Reis, como as de Píndaro, recorrem sempre aos deuses da mitologia grega. Este paganismo de caráter erudito afasta-se da convicção de Alberto Caieiro de que não se deve pensar em Deus. Para Ricardo Reis , os deuses estão acima de tudo e controlam o destino dos homens.
Podemos dizer então que o autor das “Odes” é a vertente neoclássica, racionalista e pagã de Fernando Pessoa. Ricardo Reis, austero e contido, com uma experiência de milênios atrás de si, cultiva a elegância das maneiras, da beleza, do artifício e a arquitetura da ode.
Suas odes também estão permeadas pelo existencialismo de Sartre, pelo Epicurismo, estorcismo e pelo estilo Horaciano.
A proposta deste breve ensaio é “tentar” absorver, analisar, ressaltar... Alguns pontos de uma das odes de Ricardo Reis. A palavra “tentar” foi usada aqui porque seria impossível uma análise. O autor é muito complexo, profundamente rico em estilo e em sentidos para ser analisado aqui. Ele pode ser observado, estudado...
A ode em questão foi retirada do livro “Odes de Ricardo Reis” (Ática; Lisboa –p.59 à 63).
Transcrevemos a Ode:
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.
Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.
Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
A um primeiro olhar podemos dizer que o poema compõe se de 14 estrofes, dispostos simetricamente. Essa disposição gráfica já demonstra a textura de poema clássico: trata-se, como já foi dito anteriormente, de uma ode. Caracterizada pela simetria e disposição dos versos e das estrofes. Isto é corroborado pelos elementos fônicos: acentuação regular e alternância rítmica dos versos.
Quanto ao nível sintático o poema apresenta duas grandes unidades semânticas: Um jogo de xadrez e a indiferença dos jogadores com a vida fora do jogo.
É o famoso Carpe diem (aproveitar o momento), pois o Chronos – deus impiedoso do tempo - não espera... Logo o tempo trará a morte e mais nada poderá ser feito, aniquilando o jogo e seus jogadores.
O convite do poema para a prática de um jogo muito conhecido: saber jogar corretamente a própria vida, saber aproveitar desta o máximo possível, e será um vencedor quem melhor souber jogar este jogo complexo que é a vida.
O poema exorta o gozo dos prazeres da vida, em vista da efemiridade da existência e da imprevibilidade da morte.
Há no poema micro-unidades semânticas tais como: a continuação da vida mesmo com guerras, mortes e horrores; a sabedoria que consiste em gozar a vida pensando menos possível... por isso o “aproveite o dia” e nada espere do futuro porque este é incerto.
“Que importa a carne e o osso” quando o seu rei está em perigo? (rei – peça do xadrez). Uma das grandes marcas do poema é esta – torno a respeito – a indiferença pelo que se passa na vida, ante o prazer e os perigos de perder no jogo (jogo este que representa a própria vida).
Epicuro está presente com toda sua essência no poema. Ele foi um sábio grego do século IV a.C., que se preocupou principalmente com o problema da felicidade humana. Segundo seu pensamento o homem para ser feliz deve conseguir o estado de “ataraxia”, a ausência de preocupações, e cultivar a justa medida na prática dos prazeres. Então, com isto, percebemos que o poema está marcado muito fortemente pelo epicurismo, tanto é que, Ricardo Reis até o cita em um verso: “Meus irmãos em amarmos epicuro”(...) A moral epicurista é no fundo a tendência para a felicidade, pela harmonização de todas as faculdades humanas.
Reis é fortemente influenciado por Horácio, o poeta que “temperou” a doutrina de Epicuro com a ética estóica. Repetidamente Ricardo reis cita temas puramente horacianos, como no poema em questão. Um dos temas é a fugacidade e a igualdade dos homens perante a morte e outro tema: o gozo dos prazeres da vida. Esses dois pontos temáticos estão bem claros na ode. Reis usa a figura “jogo de xadrez” para abarcar os temas citados.
O púcaro de vinho mencionado na ode é um símbolo que Reis utiliza. O vinho serve para iludir o sofrimento. Porque iludir o sofrimento? Porque se sabe que não há felicidade completa e que diante do sofrimento e do infortúnio devemos compor um sorriso tranqüilo e descuidado.
Os jogadores de xadrez, ainda que ouvissem os gritos das mulheres e das crianças, mesmo que “lhes passasse pela fronte” uma sombra de preocupação, logo voltariam sua atenção ao jogo novamente porque sabem que o destino é imutável.
O que mais atormenta o poeta é que a morte as pessoas perdem a individualidade... Na invasão descrita no poema por exemplo, as mulheres e as crianças se igualavam ao guerreiro invasor por meio da morte. Pois a morte “anula qualquer distinção de classe”, de povos, etc.
O poema em sua totalidade mostra o egoísmo epicurista de Ricardo Reis, um contemplativo extremamente desprovido de calor em seus escritos, incapaz do amor verdadeiro. O autor “parece” existir somente em função de um problema: o problema crucial de remediar o sentimento de fraqueza humana e da inutilidade do agir por meio de uma arte de viver que permita chegar à morte de mãos vazias e com um mínimo de sofrimento.
BIBLIOGRAFIA
D’ONOFRIO , Salvatore. Literatura Ocidental, Autores e obras fundamentais São Paulo, Ática, 1990.
REIS, Ricardo. Odes.Obras completas de Fernando Pessoa. Coleção Poesia. Edições Ática, 1994.Lisboa
PESSOA, Fernando. O Guardador de rebanhos e outros poemas. São Paulo, Cultrix 1997.
Artigo escrito por uma grande amiga minha:
Zisco
Dias de muito frio
São chamados de tempo ruim, eu não penso assim.
São chamados de dias feios.
Nem por isso a praia perde a sua beleza.
A praia no frio continua linda, só não há ninguém por lá.
O vento gelado encrespa o mar, e ainda assim ele continua lindo.
gosto do litoral em dias de muito frio.
Gosto do vento gelado que bate em meu rosto.
gosto do horizonte cinzento que da areia posso contemplar,
Nos dias ditos feios ponho um bom casaco e o levo para passear.
Gosto de passear com meu casaco pela praia.
Será que ele é quem gosta de comigo na praia passear?
Talvez fosse mais prudente fazer ao contrario , e no armário junto ao casaco me guardar.
Prefiro arriscar a rua e a praia nos dias de muito frio, prefiro sair e sentir o vento a fustigar.
Não são feios os dias frios.
A praia não tem tanta gente, nem tanto lixo.
A vida continua, ainda que lhe neguem a beleza , ela está por lá.
A moldura da paisagem muda, mas esta adorável paisagem não mudará.
Praia em dias de frio, é muito mais bonita, muito mais poética, muito mais sei lá.
Navios na barra prontos a aportar, adoro sentar na praia , com um binóculo a observar.
Leio os nomes dos navio, tento de longe identificar.
Bandeiras, cargas, tipos de embarcações.
Um lado mais sereno desta praia que no verão não vejo , escapa ao mais atento olhar.
O frio nos mostra outros lados, aqueles que muitas vezes ignoramos.
Gosto dos dias de muito frio, gosto quando saindo do armário, meu bom e velho casaco , me leva para que nesta praia possamos com calma passear.
São chamados de dias feios.
Nem por isso a praia perde a sua beleza.
A praia no frio continua linda, só não há ninguém por lá.
O vento gelado encrespa o mar, e ainda assim ele continua lindo.
gosto do litoral em dias de muito frio.
Gosto do vento gelado que bate em meu rosto.
gosto do horizonte cinzento que da areia posso contemplar,
Nos dias ditos feios ponho um bom casaco e o levo para passear.
Gosto de passear com meu casaco pela praia.
Será que ele é quem gosta de comigo na praia passear?
Talvez fosse mais prudente fazer ao contrario , e no armário junto ao casaco me guardar.
Prefiro arriscar a rua e a praia nos dias de muito frio, prefiro sair e sentir o vento a fustigar.
Não são feios os dias frios.
A praia não tem tanta gente, nem tanto lixo.
A vida continua, ainda que lhe neguem a beleza , ela está por lá.
A moldura da paisagem muda, mas esta adorável paisagem não mudará.
Praia em dias de frio, é muito mais bonita, muito mais poética, muito mais sei lá.
Navios na barra prontos a aportar, adoro sentar na praia , com um binóculo a observar.
Leio os nomes dos navio, tento de longe identificar.
Bandeiras, cargas, tipos de embarcações.
Um lado mais sereno desta praia que no verão não vejo , escapa ao mais atento olhar.
O frio nos mostra outros lados, aqueles que muitas vezes ignoramos.
Gosto dos dias de muito frio, gosto quando saindo do armário, meu bom e velho casaco , me leva para que nesta praia possamos com calma passear.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Em dias de muito frio
As pessoas pensam na tristeza e na dor.
Lamentam a fome, e a solidão.
Compadecem-se do pobre e do necessitado.
Nada disso acontece em dias de verão.
O verão , nos fala da glória e da luz.
Nos faz ricos, esquecemos a dor.
Somos fortes, não tememos a rua.
Será que isso tem que ser assim?
Será que não posso me alegrar nos dias de muito frio?
Será que não há sofrimento nem dor, nas noites de verão?
Resolvi então inovar numa fria manhã do inverno de São Paulo.
Numa fria cidade cheia de fumaça, e muito barulho, resolvi me alegrar.
Ousei não pensar na dor, nem na solidão.
Me atrevi a desconsiderar a necessidade do pobre, como se faz nas manhãs de verão.
Percebia que o sol tímido do inverno poderia me alegrar, me aquecer, assim como aquele do verão.
Percebia que mesmo que mudasse naquela hora fria de inverno para verão.
Não seria capaz de aliviar o sofrimento do necessitado, pois ainda lhe faltaria o pão.
Percebi enfim, que sentir culpa no inverno é hipocrisia.
Resolvi sorrir no inverno, assim como se sorri em qualquer outra estação.
Não choro mais nos dias de muito frio , passei a chorar também no verão.
Quando todos se alegram, e esquecem que o necessitado, é assim no inverno outono, na primavera e no verão.
Se a miséria, a fome a dor e a solidão, falam mais alto nos dias de muito frio, é porque , nos é que somos tristemente surdos, na primavera, e no verão.
Não deixo mais o tempo ditar minha alegria, ou minha tristeza, deixo isso por conta exclusiva do meu volúvel coração.
quero luz no inverno , quero amor, quero paixão.
Não quero a morto , nem a dor.
Não quero a fome nem a solidão.
Quero me aquecer nos dias de muito frio.
Quero chocolate , quero vinho.
Quero amor e prazer, vida , e tesão.
poder esquecer o lado triste, e ser tão alucinadamente feliz nos dias de muito frio, como nos quentes e gloriosos dias de qualquer verão.
Quero sincero amor que aqueça a minha alma, como o sol nos aquece no verão.
Não seja o frio a nos lembrar do pobre, lembre-mo-nos em qualquer estação.
Lamentam a fome, e a solidão.
Compadecem-se do pobre e do necessitado.
Nada disso acontece em dias de verão.
O verão , nos fala da glória e da luz.
Nos faz ricos, esquecemos a dor.
Somos fortes, não tememos a rua.
Será que isso tem que ser assim?
Será que não posso me alegrar nos dias de muito frio?
Será que não há sofrimento nem dor, nas noites de verão?
Resolvi então inovar numa fria manhã do inverno de São Paulo.
Numa fria cidade cheia de fumaça, e muito barulho, resolvi me alegrar.
Ousei não pensar na dor, nem na solidão.
Me atrevi a desconsiderar a necessidade do pobre, como se faz nas manhãs de verão.
Percebia que o sol tímido do inverno poderia me alegrar, me aquecer, assim como aquele do verão.
Percebia que mesmo que mudasse naquela hora fria de inverno para verão.
Não seria capaz de aliviar o sofrimento do necessitado, pois ainda lhe faltaria o pão.
Percebi enfim, que sentir culpa no inverno é hipocrisia.
Resolvi sorrir no inverno, assim como se sorri em qualquer outra estação.
Não choro mais nos dias de muito frio , passei a chorar também no verão.
Quando todos se alegram, e esquecem que o necessitado, é assim no inverno outono, na primavera e no verão.
Se a miséria, a fome a dor e a solidão, falam mais alto nos dias de muito frio, é porque , nos é que somos tristemente surdos, na primavera, e no verão.
Não deixo mais o tempo ditar minha alegria, ou minha tristeza, deixo isso por conta exclusiva do meu volúvel coração.
quero luz no inverno , quero amor, quero paixão.
Não quero a morto , nem a dor.
Não quero a fome nem a solidão.
Quero me aquecer nos dias de muito frio.
Quero chocolate , quero vinho.
Quero amor e prazer, vida , e tesão.
poder esquecer o lado triste, e ser tão alucinadamente feliz nos dias de muito frio, como nos quentes e gloriosos dias de qualquer verão.
Quero sincero amor que aqueça a minha alma, como o sol nos aquece no verão.
Não seja o frio a nos lembrar do pobre, lembre-mo-nos em qualquer estação.
domingo, 5 de agosto de 2007
A Minha Máquina Vive Me Dizendo Isso
Toma cuidado, vai devagar!
Não se empolga , não é assim!
Olha as regras, tem um limite, isso não pode!
Máquina burra , não serve pra nada , não manda em mim.
Mas no meio do caminho usando outra máquina , outra pessoa.
Cria uma regra, cria um limite, isso é assim.
Cria teus versos , fala o que queres, solta o teu latim.
Me empolgo me solto, criando em torrentes.
Sem medo me empolgo , mas não era assim.
Surpreso me calo, com medo de mim.
Limites não via, desconhecia .
Ignorara a liturgia, e não pretendia.
Avançar o sinal, ou causar tanto mal.
Máquina burra, máquina estúpida, cala essa boca!
Apenas se dá, que na minha cabeça, tudo acontece a um tempo só.
Quisera um dia , poder não me enganar, e poder contrariar, a estúpida maquina que vive a me avisar.
Mais uma vez bati contra uma parede, e a máquina estúpida pode dizer.
Eu bem que te avesei!
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Não se empolga , não é assim!
Olha as regras, tem um limite, isso não pode!
Máquina burra , não serve pra nada , não manda em mim.
Mas no meio do caminho usando outra máquina , outra pessoa.
Cria uma regra, cria um limite, isso é assim.
Cria teus versos , fala o que queres, solta o teu latim.
Me empolgo me solto, criando em torrentes.
Sem medo me empolgo , mas não era assim.
Surpreso me calo, com medo de mim.
Limites não via, desconhecia .
Ignorara a liturgia, e não pretendia.
Avançar o sinal, ou causar tanto mal.
Máquina burra, máquina estúpida, cala essa boca!
Apenas se dá, que na minha cabeça, tudo acontece a um tempo só.
Quisera um dia , poder não me enganar, e poder contrariar, a estúpida maquina que vive a me avisar.
Mais uma vez bati contra uma parede, e a máquina estúpida pode dizer.
Eu bem que te avesei!
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Verdade
Eu bem que avisei, mas você não me ouviu
Gritei , chorei , te pedi, mas vc parecia não me ver
Avisei uma vez, avisei dez, mas de nada adiantou
Vc só queria saber do prazer, da grande conquista
Queria viver com tanto glamour, com tanta pompa
Ouviu apenas teu ávido coração, ouviu o clamor daquela paixão
Ouviu a voz do, que no teu peito berrava clamava por mais uma noite de alegria
Clamava pelo raiar de um novo e lindo dia, e assim viveu
Agora morre na miséria , morre feliz pois feliz viveu
Olha pra mim , vivo rico, rico e infeliz
Vivo uma vida miserável, de um insensato milionário, eu bem que te avisei
Vc vai morrer pobre, e assim morreu, mas ouço agora tua gargalhada de alegria
Morre pobre, mas viveu muito mais feliz que eu
Morrerei muito mais rico que vc, eu bem que avisei
E o que adianta eu ter te avisado?
Preferia eu ouvir de ti esta maldita frase, este hipócrita "eu bem que avisei"
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Gritei , chorei , te pedi, mas vc parecia não me ver
Avisei uma vez, avisei dez, mas de nada adiantou
Vc só queria saber do prazer, da grande conquista
Queria viver com tanto glamour, com tanta pompa
Ouviu apenas teu ávido coração, ouviu o clamor daquela paixão
Ouviu a voz do, que no teu peito berrava clamava por mais uma noite de alegria
Clamava pelo raiar de um novo e lindo dia, e assim viveu
Agora morre na miséria , morre feliz pois feliz viveu
Olha pra mim , vivo rico, rico e infeliz
Vivo uma vida miserável, de um insensato milionário, eu bem que te avisei
Vc vai morrer pobre, e assim morreu, mas ouço agora tua gargalhada de alegria
Morre pobre, mas viveu muito mais feliz que eu
Morrerei muito mais rico que vc, eu bem que avisei
E o que adianta eu ter te avisado?
Preferia eu ouvir de ti esta maldita frase, este hipócrita "eu bem que avisei"
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