As pessoas pensam na tristeza e na dor.
Lamentam a fome, e a solidão.
Compadecem-se do pobre e do necessitado.
Nada disso acontece em dias de verão.
O verão , nos fala da glória e da luz.
Nos faz ricos, esquecemos a dor.
Somos fortes, não tememos a rua.
Será que isso tem que ser assim?
Será que não posso me alegrar nos dias de muito frio?
Será que não há sofrimento nem dor, nas noites de verão?
Resolvi então inovar numa fria manhã do inverno de São Paulo.
Numa fria cidade cheia de fumaça, e muito barulho, resolvi me alegrar.
Ousei não pensar na dor, nem na solidão.
Me atrevi a desconsiderar a necessidade do pobre, como se faz nas manhãs de verão.
Percebia que o sol tímido do inverno poderia me alegrar, me aquecer, assim como aquele do verão.
Percebia que mesmo que mudasse naquela hora fria de inverno para verão.
Não seria capaz de aliviar o sofrimento do necessitado, pois ainda lhe faltaria o pão.
Percebi enfim, que sentir culpa no inverno é hipocrisia.
Resolvi sorrir no inverno, assim como se sorri em qualquer outra estação.
Não choro mais nos dias de muito frio , passei a chorar também no verão.
Quando todos se alegram, e esquecem que o necessitado, é assim no inverno outono, na primavera e no verão.
Se a miséria, a fome a dor e a solidão, falam mais alto nos dias de muito frio, é porque , nos é que somos tristemente surdos, na primavera, e no verão.
Não deixo mais o tempo ditar minha alegria, ou minha tristeza, deixo isso por conta exclusiva do meu volúvel coração.
quero luz no inverno , quero amor, quero paixão.
Não quero a morto , nem a dor.
Não quero a fome nem a solidão.
Quero me aquecer nos dias de muito frio.
Quero chocolate , quero vinho.
Quero amor e prazer, vida , e tesão.
poder esquecer o lado triste, e ser tão alucinadamente feliz nos dias de muito frio, como nos quentes e gloriosos dias de qualquer verão.
Quero sincero amor que aqueça a minha alma, como o sol nos aquece no verão.
Não seja o frio a nos lembrar do pobre, lembre-mo-nos em qualquer estação.
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