sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A cilada do frio

Não temos coragem para nada, nem para sair da cama.
Precisamos de alguém que traga uma ardente chama.
Nada parece fácil, tudo fica difícil.
Sair e andar, quem dera!
Correr e pular, jamais.
Suamos sob as cobertas, congelamos ao relento.
Pobre e frágil ser humano, animal sem talento.
Bicho burro, esse tal de homem, bicho fraco e indefeso.
Indefeso até contra os seus, traído por aquele que um dia dele nasceu.
Depende tanto das coisas, morre se não se proteger.
Depende de coisas que ele criou, e abusa desse seu depender.
Para falar cria máquinas, para comer cria outras.
Não consegue nem mesmo beber um gole de água , sem que esta seja paga.
Cobra de si mesmo por tudo, recebe em troca um pouco do nada.
Bicho mais burro esse homem, da vida leva - se nada.
A vida é lutar contra a morte, e aproveitar antes que não se faça mais nada.
Levanta no frio bicho burro, sai dessa tua cilada.
Te livra da dependência , te livra da máquina , te livra desse teu precioso tesouro de nada.
Até o frio te pega, você não aguenta e morre, se não lançar mão de nada.
Bicho burro é o bicho homem, não tem pelos não tem força não tem mesmo nada.
Depende tanto de coisas , de coisas que levam se tesouro e lhe deixar um pouco do nada.
Depende da ardente chama, que alguém lhe traga.
Não sai dessa tua confortável cama , morre nela , já tens o teu nada.
Traído por quem dele nasceu, assim foi seu fim, morreu.
Traído por sua criação, por ela pagou .
No seu leito de morte, recebeu seu nulo quinhão.
Vence sempre o tempo, vencem os dias de muito frio.
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