A ditadura implantada no país pelo golpe de Estado desferido em 1964, em dezembro de 1968 deu um giro no parafuso por meio de um Ato Institucional, de número 5, que lhe atribuía poderes praticamente ilimitados. ( Mino Carta em, "O Castelo De Âmbar", página 161 RECORD)
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Somente O Muro
Somente O Muro
Um muro enorme e branco dava a volta em todo o terreno, um enorme terreno cheio de árvores.
Alto e inabalável muro, impecavelmente branco ao redor de uma terra cheia de outras cores, de vida e de morte.
Parecia não ter fim o enorme muro, era, no entanto interrompido por um pesado portão de ferro fundido e batido, um bonito portão.
Dentro do terreno, do outro lado do muro, parecia haver um jardim, um belo e extenso jardim, muitas plantas quase nenhuma construção.
Pessoas entravam e saiam deste terreno, animais invadiam por sobre o alto e branco muro, gatos, sagüis, e pássaros, além de alguns roedores.
O Muro era mantido branco e imaculado às custas de muito suor e muita tinta, o terreno parecia ser também muito bem cuidado, olhando-se pelo portão, mas era enorme, muito pouco se via, apenas uma pequena porção.
Havia sinais de muita vida, havia traços de morte e de putrefação, havia de tudo um pouco por trás do muro branco e do seu pesado e negro portão.
Nada pode ser mais enigmático que a neutralidade do branco, e que a grande muralha colocada ao redor daquele terreno.
Não havia sinais de crença religiosa, não parecia um cemitério, era um enorme e lindo jardim, não havia qualquer construção como túmulos.
Tirando-se o mau gosto da arte tumular cemitérios são lindo jardins, era uma possibilidade, uma possibilidade nada remota.
As pessoas entravam ali em grandes grupos e saiam, mas nada de anormal parecia haver, nenhuma grande tristeza se abatia sobre elas, parecia um parque público, eu nunca tentei entrar lá.
Os funcionários que pintavam incansavelmente de branco, o alto e extenso muro trabalhavam com vigor, não se abatiam por nada, dia após dia estavam lá cobrindo de branco a enorme muralha, ânimo não lhes faltava.
O que se passa do lado de lá?
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário