A ditadura implantada no país pelo golpe de Estado desferido em 1964, em dezembro de 1968 deu um giro no parafuso por meio de um Ato Institucional, de número 5, que lhe atribuía poderes praticamente ilimitados. ( Mino Carta em, "O Castelo De Âmbar", página 161 RECORD)
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Liberdade
Liberdade
Nada é tão livre quanto ela, corre o mundo, e no mar do barco sopra a vela.
Desejada por muitos, temida por estes mesmos, pode ser sorte, ou levar à morte certa.
Da pipa da criança é motor e inimiga, faz voar, mas faz também quebrar a linha, e leva para longe o brinquedo, deixa a chorar o menino.
Seca a roupa no varal, varre a sujeira do quintal, arranca os lençóis da corda e joga onde quer.
Joga a poeira sobre o linho branco, suja a alva roupa de linho, desarruma o cabelo de qualquer mulher, é livre ao extremo, não há quem a ponha a termo.
Nem o mar pode com ela, do sul sopra a ventania levando o barco ao norte, e se desejar encrespar o mar lhe põe fim à sorte, e este só pode obedece-la
De seu leito o mar não sairá, ficará revolto se ela, a ventania assim desejar, o poderoso mar simplesmente há de se calar.
Não é à toa que é fêmea caprichosa, unidade básica para que haja vida, pintora de tintas desgastadas, escultora de mãos delicadas, dá forma e cor a tudo.
A ventania, milimétricamente esculpe a rocha, e faz corar a face de quem a ela se expõe, varre o terreiro, e arranca folhas e galhos.
Após passar nos deixa sua obra, grande arte, grande legado, roupas enroscadas em algum canto, folhas no telhado ou no chão, sapatos, brinquedos, sacos plásticos, e até gatos, e cães minuciosamente arranjados , com arte e imaginação.
Somente a mulher é assim tão poderosa, e criativa, tão bela, e tão cruel, a arte e a liberdade lhe caem muitíssimo bem.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
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