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sábado, 7 de março de 2009

Circus Maximus


Circus Maximus

A origem de nosso circo parece ser um tanto remota, mas a expressão circus maximus que dava nome ao entretenimento popular no império romano é a sua raiz.
Este circo romano era o meio mais eficaz para se ter controle sobre o povo, bastava a este povo segundo a crença de seus governantes a mera alimentação, e alguma diversão, a fórmula mágica para se manter eternamente no poder.
Chega a ser simplória, mas extremamente verdadeira tal fórmula, mas deve ser mantida às custas de alguma crueldade e de muito mau gosto, afinal nada é mais divertido do que ver alguém sofrendo.
Se for ver nada mudou na vida do povo, ou nas crenças de seus governantes nos últimos 2500 anos, as pessoas continuam submissas àqueles que lhes supram essas duas necessidades, ainda que não se tenha mais combates até a morte, mas temos atrações tão bizarras quanto as da Roma antiga dentro de nossas casas diariamente nos reality shows da tv, e em outros tantos da internet.
Quando criança eu me encantava com palhaços, animais, mágicas, e shows de gosto duvidoso nos circos como o Orlando Orfei, ou o Thiany, não fazia sequer idéia da dose de crueldade e do mau gosto, envolvidos neste espetáculo bizarro.
Hoje temos até mesmo alguns circos que se dizem politicamente corretos, e são igualmente ridículos por assim se auto denominarem.
O circo pode nos trazer algumas lembranças de um tempo em que víamos o mundo de outra forma, mas mesmo assim ainda nos mostra que somos todos da mesma espécie que se divertia ao ver alguém morrer estraçalhado por tigres, ou leões, ou ainda assassinado diante de nossos olhos.
Ligamos nossas televisões em casa e assistimos o jornal, para vermos as tragédias por todo o mundo, e nos deleitamos intimamente com isso no conforto de nossos lares.
Assistimos execuções de reféns por terroristas na internet, mas no final vamos ao Cirque Du Soleil, pois é apenas um show sem crueldade contra animais.
Já disse um dos sócios de um dos maiores circos do mundo P.T Barnum do “Ringling Brothers, and Barnum & Bailey Circus “, “Nasce um trouxa por minuto”, este foi o primeiro grande milionário do entretenimento moderno.
Nossa equação fecha por aí nos dias atuais, alimentar e entreter o povo é o suficiente para te fazer muito rico, e você vai ser sempre sustentado por uma massa de trouxas ávida por bizarrices de toda espécie.
Respeitável público gostaríamos de informar que adoramos o seu dinheiro, e que não respeitamos nada que não seja do nosso interesse, mas que gostamos que vocês se achem muito espertos enquanto enchem nossas contas bancárias, boa noite!
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Panes nada circenses (Será que o povo tem cara de otário?).


Panes nada circenses (Será que o povo tem cara de otário?).

Eu estive pensando muito, e achei que o assunto valia uma tentativa de artigo, ou conto, ou qualquer outra forma nada poética de expressão, mesmo porque é algo que me deixou indignado, e resolvi me perguntar: ”Será que eu tenho cara de otário?”

Esta semana aqui em São Paulo aconteceu uma coisa que quase ninguém conseguiu explicar, e que quase todos sabem a óbvia explicação.
Um dos parques mais belos e antigos da cidade teve em menos de uma hora seu lago totalmente esvaziado por causa do rompimento do seu vertedouro, este parque está na história da vida de muitas pessoas como eu, e muitos bem antes de mim, na verdade o descaso com o tal lago sempre foi nítido, mas ninguém, ou quase ninguém dava real importância a isto.
Muitas pessoas na hora de optar entre aguardar para se entrar no gabinete de um político chato e inescrupuloso para reclamar e seguir para o trabalho ficava sem qualquer opção e segui sua lida diária.
A imensa montanha de dinheiro que é arrecadada de todos os paulistanos anualmente, e a perene presença do lago quase que centenário, sempre fizeram com que ninguém suspeitasse que isto um dia pudesse acontecer.
Um lago aonde vários animais, cisnes, gansos, garças marrecos, e muitos outros vinham enfeitar por livre e espontânea vontade, além de seus habitantes aquáticos, carpas, e outros peixes, rãs e um sem número de outras espécies.
Não bastasse o desastre, causado por todo este criminoso ignorar sistemático da necessidade de manutenção, o prefeito da cidade ainda foi capaz de dizer que foi a chuva a grande culpada, como se nesse tempo todo nunca houvesse chovido naquele lugar.
Nesses quase cem anos da existência desse lago que era um ponto de encontro de namorados na década de 1920, onde botes poderiam ser alugados para um romântico passeio, e o lago nunca teve este tipo de problema.
A chuva desta semana nem foi nada tão espetacular assim, muitas chuvas muito mais severas que esta já caíram sobre a cidade, e isso nunca aconteceu.
Com certeza um laudo técnico deverá ser expedido por quem tem competência para tal, e aí se poderá talvez identificar a pane que sofreu o sistema de escoamento deste lago, mas culpar a chuva por isso não parece ser a melhor das explicações, principalmente para o Sr. Gilberto Kassab, pois este é engenheiro formado pela Escola Politécnica De Engenharia Da Universidade De São Paulo (Poli – USP).
Talvez este não seja um texto tão agradável de se ler, mas não é nada agradável se sentir feito de palhaço, e ver que a principal pane está no caráter das pessoas que fingem que podem atribuir qualquer coisa à chuva, ao vento, ou a qualquer catástrofe natural, e não encarar sua responsabilidade com relação àquilo que pertence à população de uma forma geral e lhes foi confiado pela mesma para que cuidasse, é uma pane moral, acima de qualquer coisa.

“Será que o povo tem cara de otário?”
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