A ditadura implantada no país pelo golpe de Estado desferido em 1964, em dezembro de 1968 deu um giro no parafuso por meio de um Ato Institucional, de número 5, que lhe atribuía poderes praticamente ilimitados. ( Mino Carta em, "O Castelo De Âmbar", página 161 RECORD)
domingo, 4 de janeiro de 2009
Alagados
Alagados
Domingo de tarde, um verão muito molhado, um vento daqueles calmos, um vento daqueles gelados, a noite e a manhã foram de chuva, chuva fria e constante, sonhos inundados.
Em uma cidade grande cheia de concreto, toda pavimentada, impermeabilizada, cortada por rios e seus vales, outrora preservados, permeáveis e constantemente alagados.
Não era de se estranhar que na terra da garoa, onde a chuva é benção constante tais coisas acontecessem, o estranho é o que vem depois, muita gente sofrendo por estar onde nada além de terra deveria haver.
Espaços que deveriam periodicamente se manter alagados e bem aproveitados, foram invadidos por pessoas sem destino, e ali ficam ilhados, eles e seus sonhos, entre as margens de rios e córregos, sobrevivem clandestinos.
A cidade cresceu, enriqueceu, inflou, muita gente veio ver e viver, muita gente veio e ficou, alguns ficaram bem instalados, outros sem opção foram empurrados para os vales de seus rios periodicamente alagados.
Um cenário triste, onde muitos além de perder o pouco que tinham, foram segregados, e nas margens dos rios e seus espaços periodicamente alagados, foram impiedosamente afogados.
Sonhos inundados, de habitantes aflitos, numa tarde de domingo fria, depois de noite e manhã de chuva constante, ventos calmos e gelados, de um verão excessivamente molhado.
Ligo a televisão, vejo a tragédia que se deu perto de minha casa, mas que não me atingiu, pois tive a sorte de não ter sido impiedosamente segregado e empurrado pela cidade, para os vales de seus rios, e seus espaços periodicamente alagados.
Nada disso é consolo, nada disso traz alento, os sonhos de uma noite chuvosa de verão, ressurgem na tarde sem sol e fria, tarde de preguiça e de televisão ligada, onde a inundação é exibida como espetáculo da vida de uma cidade de concreto e de asfalto, onde a água pára e condena os alagados à morte certa e lenta.
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2 comentários:
Zisco,
vou te dizer uma coisa com toda a sinceridade do meu coração:
Vc está me ajudando a redefinir o conceito de AMIGO.
Vc é, e o que depender de mim, sempre será um grande e fiel AMIGO, com todas as implicações que esse título impõe.
É muito bom saber que o mundo virtual nos proporciona momentos tão agradáveis em que compartilhamos boas coisas com amigos como vc!!
Um grande abraço,
MEU AMIGO!!!
Oi Zisco,
eita amiga enrolada vc arrumou, heim?! Essa tal de Esther...rs
viu, queria te pedir, POR FAVOR, deleta seu perfil do Esterando, porque esse blogue logo, logo vai acabar e vc ficando lá dá idéia para outros que chegam, só por isso tá?
beijinhos,
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